segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

"O mundo em 2011",numa perspectiva não reacionaria

O Mundo em 2011

O ano de 2011 vai ser lembrado pela Primavera Árabe, pelo surgimento dos grandes movimentos sociais, pela crise do euro ou pelo terramoto, tsunami e crise nuclear de Fukushima? Certamente por todos estes eventos, que relembramos neste balanço internacional do ano, e muitos outros mais. Dossier coordenado por Luis Leiria.
Recordamos os acontecimentos na Tunísia, Egito e Líbia que marcaram o ano. A Wikileaks lutou pela sobrevivência e a subida de preços dos alimentos ameaçou milhões. Mas a maior ameaça foi a crise nuclear que se seguiu ao terramoto e tsunami no Japão. Na Europa, a extrema-direita cresceu e preocupou, mas a Islândia deu uma lição ao votar em referendo contra o pagamento da dívida aos bancos. No ano morreu Bin Laden, o News of the World deixou de circular, os vaivéns espaciais froam para o museu, a Palestina foi aceita na Unesco, e o movimento Ocupar Wall Street deixou marca, assim como os Indignados. A ETA anuncia o fim da luta armada e em Durban pouco se resolveu.

Dossier

No poder desde 1987, o presidente Ben Ali foi derrubado pela mobilização do povo tunisino e fugiu do país a 14 de janeiro. Foi o primeiro episódio da revolta que se espalhou pelo mundo árabe.
No poder há quase 30 anos, o presidente egípcio não conseguiu sobreviver a 17 dias de manifestações de milhões. Mas o combate para desalojar os militares continua a ser um eixo fundamental de luta.
Fundador da organização acumulou derrotas na Justiça britânica contra a sua extradição para a Suécia, para ser interrogado pela acusação de crimes de natureza sexual.Mas a Wikileaks, apesar das dificuldades, manteve-se viva.
O alerta chegou em fevereiro: a FAO, Agência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, advertiu que os preços dos alimentos atingiram em janeiro o nível mais alto desde 1990, para um conjunto de produtos básicos, ameaçando desencadear uma nova crise alimentar, como a registada em 2007 e 2008.
Uma solução definitiva para a crise nuclear, que não se restringe apenas aos reatores da central, levará algumas décadas. A maioria de nós não estará, provavelmente, presente no dia em que isso ocorrer. Dossier coordenado por Luis Leiria.
Partidos racistas e xenófobos crescem eleitoralmente em muitos países e já causam preocupação na Europa.
As ameaças foram muitas, a chantagem foi brutal. Mas não atemorizou os islandeses, que rejeitaram mais uma vez em referendo que o Estado pagasse a dívida de cerca de quatro mil milhões de euros à Holanda e ao Reino Unido.
Depois de 10 anos de buscas infrutíferas, os EUA conseguiram localizar e matar o líder da Al-Qaeda. Apesar de estar desarmado e não ter tentado resistir, Bin Laden foi morto imediatamente. Segundo Noam Chomsky, “a operação foi um assassinato planeado, violando as normas elementares do direito internacional.”
Em 15 de maio, realizaram-se manifestações em 58 cidades espanholas, marcando o nascimento do 15-M. Trata-se, diz Manuel Castells, de uma nova política para sair da crise a caminho de um novo modo de vida construído coletivamente.
O grupo mediático de Rupert Murdoch conseguiu durante anos espiar ilegalmente a vida de muita gente em Inglaterra. E com ligações próximas ao primeiro-ministro David Cameron, que teve um dos implicados no escândalo como diretor de comunicação do governo.
O Atlantis aterrou pela última vez a 21 de julho e foi para o museu. O seu substituto não voará tão cedo. Os cortes orçamentais norte-americanos e europeus mostram a decadência da antes chamada “aventura no espaço”.
"Este é o momento da verdade e o meu povo está à espera de ouvir a resposta do mundo", declarou Abbas no discurso na Assembleia Geral da ONU. EUA anunciaram veto, mas a Palestina viu aceita a sua adesão à Unesco, uma decisão considerada “verdadeiramente histórica".
No dia 17 de setembro, nascia o movimento “Ocupa Wall Street”. Nasceu em Nova York e espalhou-se para centenas de cidades nos EUA e no mundo. Adotou o slogan “Somos os 99%” e recebeu apoios variados de sindicatos, intelectuais, celebridades, e ateo presidente Obama se referiu positivamente a ele. Mas depois começou a ser reprimido. Agora, faz planos para 2012. Reportagem de Carlos Alberto Jr., direto de Washington, especial para a Carta Maior.
Anúncio oficial pôs fim a 43 anos de conflito armado. Coligação da esquerda nacionalista, nas eleições de novembro, teve resultado histórico.
Bombardeamentos casaram milhares de vítimas e procuraram garantir que o regime pós-Khadafi não saía fora do controlo dos EUA.
A 17.ª Conferência do Clima da ONU, que terminou a 11 de dezembro, determinou que os países continuem a dormir até 2020. Enquanto isso, aumentam as catástrofes naturais agravadas pelo aquecimento global. Quando um eventual novo acordo, ainda por definir, entrar em vigor, metade do planeta já poderá estar inabitável.
2011 foi o ano da crise do euro, que ameaça prolongar-se numa agonia em 2012. Na opinião do Prémio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, em entrevista ao jornal Página/12, a conceção geral da União Europeia foi errada.

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